The Cats

Disse que...







A força não provém da capacidade corporal, mas da vontade férrea.


(Gandhi)



Friedrich Nietzsche




"O sentido do trágico aumenta e diminui com a sensualidade."




Mensagem




______________________________________________________Armando Isaac


"A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros."

Provérbio Tibetano



Sobre João Paulo II





"O artista vive uma relação peculiar com a beleza. Num sentido muito real pode dizer-se que a beleza é a vocação à que o Criador o chama com o dom do talento artístico."



Sobre a Mediocridade





"A mediocridade não conhece nada melhor do que ela mesma, mas o talento reconhece instantaneamente o génio."

Arthur Conan Doyle


Acerca do Desprezo





"É preciso administrar o desprezo com extrema parcimónia, pois o número de necessitados é muito grande."

François-Auguste Chateaubriand


Um filósofo prático...





A pior coisa que pode suceder a alguém é possuir a verdade. A melhor é sê-la.

Agostinho da Silva
(Filósofo, Poeta e Ensaísta Português)
1906 - 1994


Solidariedade



Outras Histórias - Ilustrações de Roberto Chichorro - por aqui

Histórias de:

André Sardet
Carla Pinto
Catarina Furtado
Fernanda Freitas
Guta Moura Guedes
Henrique Cayatte
Isabel Jonet
Jorge Silva Melo
José Avillez
Simone de Oliveira


"Com este investimento social, está a contribuir para um Natal diferente das crianças que lhe são próximas e para a felicidade de muitas outras das instituições dos projectos apoiados. É por acreditar que, com um pequeno contributo, cada um de nós pode fazer a diferença, apoiando o desenvolvimento de projectos sustentáveis, que a Caixa agradece o seu gesto, em nome de todos os que tornaram este projecto possível, da Operação Nariz Vermelho e da Associação Jerónimo Usera."


A todos, um Feliz Natal !


Cura de ser quem és




Cura de ser quem és

Ninguém a outro ama, senão que ama
O que de si há nele, ou é suposto.
Nada te pese que não te amem. Sentem-te
Quem és, e és estrangeiro.
Cura de ser quem és, amam-te ou nunca.
Firme contigo, sofrerás avaro
De penas.

Odes/Ricardo Reis


Grandes são os desertos










Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto
Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.
Grandes são os desertos, minha alma!
Grandes são os desertos.
Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento,
Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,
Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar
Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem)
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.
Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
Mais vale não ser que ser assim.
Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro,
E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.
Mas tenho que arrumar mala,
Tenho por força que arrumar a mala,
A mala.
Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão.
Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala.
Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas,
A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.
Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas.
A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.
Olho para o lado, verifico que estou a dormir.
Sei só que tenho que arrumar a mala,
E que os desertos são grandes e tudo é deserto,
E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.
Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;
Hei de vê-la levar de aqui,
Hei de existir independentemente dela.
Grandes são os desertos e tudo é deserto,
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!
Mais vale arrumar a mala.
Fim.

"O eu profundo e os outros eus” - Fernando Pessoa


Teia de Aranha










Teci durante a noite a teia astuciosa
Dum poema.

Armei o laço ao sol que há-de nascer.

Rede frágil de versos,

É nela que o meu sono se futura

Eterno e natural,
Embalado na própria sepultura.

Vens ou não vens agora, astro real,

Doirar os fios desta baba impura?


Miguel Torga - Coimbra, 7 de Junho de 1960 - in Diário.



MIGUEL TORGA - DIÁRIO










É uma coisa bonita uma flor! Não sei se a natureza tem consciência disso e cria semelhantes maravilhas como poemas gratuitos, ou se quando as produz com tal delicadeza e graça apenas utiliza um meio para atingir certos fins.

Seja como for, é sempre agradável ver uma flor. Mesmo que estas quatro rosas que aqui estão à minha frente tenham na origem e na essência a feia condenação de instrumentos, como acontece, por exemplo, com as lágrimas do teatro, agente sente por dentro que devia ficar calmo, mas não as pode olhar sem estremecer.


Miguel Torga, ( 16 de Março de 1940) - Diário I


De la Músique


Ah, pouco a pouco, entre as árvores antigas,
A figura dela emerge e eu deixo de pensar...

Pouco a pouco, da angústia de mim vou eu mesmo emergindo...

As duas figuras encontram-se na clareira ao pé do lago....

As duas figuras sonhadas,
Porque isto foi só um raio de luar e uma tristeza minha,
E uma suposição de outra coisa,
E o resultado de existir...

Verdadeiramente, ter-se-iam encontrado as duas figuras
Na clareira ao pé do lago?
(...Mas se não existem?...)
...Na clareira ao pé do lago?...

Álvaro de Campos, in "Poemas".


MÁSCARA



(...)
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
(...)

Álvaro de Campos - in "Tabacaria".



PRELÚDIO DE NATAL





Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas

Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas

a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas

A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas

David Mourão-Ferreira


Se houvesse degraus na terra



Se houvesse degraus na terra...
Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.
Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.
Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.


Herberto Helder


Ode ao gato





Tu e eu temos de permeio
a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome,
que ninguém tente
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza,
pois nós temos fôlegos largos
de vento e de névoa
para de novo nos erguermos
e, sobre o desconsolo dos escombros,
formarmos o salto
que leva à glória ou à morte,
conforme a harmonia dos astros
e a regra elementar do destino.





José Jorge Letria, in "Animália Odes aos Bichos".




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